quarta-feira, 24 de outubro de 2007

COMO UMA ONDA NO MAR (II)

Não dá pra se deixar iludir pela aparente estabilidade das coisas. A natureza da vida é a impermanência, a temporalidade. Todas as coisas passam, mudam; o que estava no alto cai e o que estava embaixo ascende; o que está na direita se desloca para a esquerda e o que está na esquerda se descola para a direita; e se repete, e se repete, e se repete... Não dá pra se deixar levar pelas flutuações da existência. Não dá pra deixar que o humor flutue e fique a mercê dos acontecimentos. Manter-se firme em seu centro, observando as coisas com um maior distanciamento.

Um comentário:

tchem disse...

rafaela perinelli,

seu trabalho é singular por vários motivos: não é uma análise imagética sobre o centro, nem uma leitura urbana através dos códigos da cidade, nem mesmo uma opinião crítica sobre a cidade. O que pode nos levar um processo de interiorização (sua) com relação a cidade. De certa forma, percebo agora, que esse é o conto, uma exteriorização sua, através de palavras, sobre quem é você nesse espaço-tempo. Na verdade você não precisa criar personagens, etc, como disse antes...
Seu processo é extremamente rico pois passa seus sentimentos, seus afetos, sua existência nessa cidade, nesse "centro".
Se você "muda", o que muda é a cidade...
"A cidade possui um caráter indispensavelmente transitivo", ou "Hoje eu me sinto congelada! É, congelada. Com o mundo todo a girar a minha volta. Mas, a vida cotidiana é como um ciclo, e deste ciclo ninguém é capaz de ficar de fora observando.".
Enfim, sem saber você já está projetando um espaço, com o conceito principal da vertigem.
Inicialmente penso em algo isolado no centro, como uma espécie de monolito onde se entra num silêncio absurdo, um projeto que possa dar um respiro às pessoas. Pense nisso, o extremo silêncio como o máximo de vertigem. Pensando agora, vejo sua leitura como um fluxo de pensamento sobre o silêncio. Talvez você busque isso em meio ao caos, a velocidade,,,
como disse Deleuze:
"um pouco de possível, se não eu sufoco..."
abraços